Saiba o que acontece com fantasias e carros alegóricos depois que o carnaval acaba
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Saiba o que acontece com fantasias e carros alegóricos depois que o carnaval acaba
De acordo com os representantes das escolas, os itens podem ter três destinos: reutilização ou reciclagem; venda ou doação; ou, em último caso, o lixo.
Por Aline Freitas *, Rafael Leal — São Paulo
25/02/2024 06h01 Atualizado há 2 horas
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O que acontece com as fantasias e alegorias das escolas depois do carnaval?
Para as escolas de samba, o término do carnaval significa o fim de um trabalho de quase um ano. Mas o que acontece com a decoração no fim da festa? Ou melhor, o que as escolas fazem com os carros e as fantasias depois dos desfiles?
Na semana após o Desfile das Campeãs, o g1 visitou a Fábrica do Samba, no Bom Retiro, no Centro de São Paulo, e conversou com a Dragões da Real. Outras escolas colaboraram por escrito.
Em resumo, depois dos desfiles, os adereços e alegorias podem seguir três destinos:
- Reuso ou reciclagem;
- Venda ou doação para escolas menores;
- Descarte.
“O que vai ser reutilizado ou o que vai ser vendido é sempre definido pelo carnavalesco e pelo diretor de Carnaval”, explica Anselmo Fernandes, diretor de ala da Dragões.
Segundo Fernandes, esse processo começa logo após o término da última apresentação da agremiação. Neste ano, depois do Desfile das Campeãs, a escola remanejou as fantasias para a Fábrica ou para a quadra e dali começou a retirar o que vai ser reutilizado e a separar do que vai ser doado.
Os carros alegóricos ficam mais tempo no Sambódromo do Anhembi e têm suas peças retiradas ali mesmo para a venda. Quando retornam para a Fábrica do Samba – para passar pelo mesmo processo das fantasias – estão apenas com os itens que serão reutilizados ou descartados.
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Fernandes estima que cerca de 20% a 30% das fantasias e alegorias conseguem ser aproveitados em outros carnavais. “Por efeito estético, não dá para entrar com a mesma fantasia no próximo ano, então existe o reaproveitamento, e o restante a gente vende ou cede para outras escolas”, explica.
Ele diz ainda que os materiais mais reutilizados são os mais caros, como ráfias, pedrarias, plumas e penas, além das estruturas de aço que seguram os adereços, como chapéus, e assessórios de mão, como lanças. Eles conseguem, facilmente, ser transformados em outros objetos ou ser tingidos para ganharem outras cores.
Se a escola decide que o material será vendido, as compradoras são outras agremiações menores, geralmente de cidades do interior do estado ou de grupos abaixo do Especial.
Tanto a reciclagem quanto a venda ajudam a resolver duas preocupações da escola: a sustentabilidade e o preço pago pelo componente.
“Esse processo torna acessível a comunidade estar dentro da escola”, diz Fernandes. “Se você deixa a fantasia muito cara, você pode trazer pessoas que não tenham identificação com a escola e o que a gente quer é que efetivamente as pessoas da nossa comunidade desfilem junto com a gente”.
O diretor de ala explica, ainda, que os materiais só são descartados em último caso. “Têm algumas partes, como penas e plumas, que já foram muito reutilizadas, tingidas diversas vezes e começam a desgastar. Aí não dá para usar”, conta.
Anhembi acompanha o desfile da Dragões da Real — Foto: Gustavo Honório/g1
Outras agremiações
Como dito por Fernandes e apurado pelo g1, boa parte das escolas reutilizam suas fantasias e alegorias com foco nos materiais que trazem mais custos para as agremiações.
Como diferencial, a Império de Casa Verde recicla também tudo o que é feito de isopor, em parceria com uma cooperativa. A escola afirma também que pratica a reutilização há cerca de 20 anos. “Pensando não somente da redução de custos, mas também no impacto ambiental”, afirma o presidente da escola, Alexandre Furtado.
Fantasias no ateliê da Império de Casa Verde — Foto: Pedro Migliolli
Já a Acadêmicos do Tatuapé afirma possuir um foco tão grande na reciclagem que consegue ceder as fantasias de forma gratuita. “Não temos alas comerciais, nossas fantasias são consignadas à nossa comunidade mediante o compromisso dos ensaios e devolução após o desfile oficial”, conta um representante da escola.
Apesar da gratuidade da fantasia, o componente precisa pagar uma anuidade à escola, para contribuir com as despesas dos desfiles e de outros eventos realizados ao longo do ano. Em 2024, a taxa é de R$ 120.
Arames que serão reutilizados pela escola Acadêmicos do Tatuapé — Foto: Rafael Leal/g1
A Gaviões da Fiel adota a prática da reciclagem há menos tempo, cerca de cinco anos. Segundo o carnavalesco Rayner Pereira, a decisão do que vai ser usado novamente também depende das condições climáticas. “Muitas coisas estragam com a saída dos carros para o Anhembi”, diz. “Com o sol e a chuva, elas acabam perdendo o brilho.”
Desfile da Gaviões da Fiel — Foto: Gustavo Honório/g1