‘Forçados’ a deixar suas origens, trabalhadores buscam Campo Grande para encontrar oportunidades
Em uma tarde ensolarada no meio da semana, crianças correm felizes pela praça Ary Coelho, um dos atrativos turísticos mais antigos de Campo Grande, enquanto se encantam com a água que cai do chafariz histórico e que naquele dia estava funcionando. A mãe, com olhar atento e traços característicos, não esconde suas origens.
Lizandra Francisco, 23, é natural da Aldeia Bananal, em Aquidauana. A área indígena está localizada a 60 km da cidade. Se a origem por si só traz dificuldades no acesso às oportunidades, a distância da cidade agrava os abismos já existentes para os indígenas.
Para ter acesso a uma oportunidade de trabalho e oferecer educação, que ela qualifica como melhor, para as filhas pequenas, Lizandra deixou a aldeia para trás. Em Campo Grande, trabalha como estoquista de supermercados, nas madrugadas. E é na Ary Coelho que a trabalhadora convive com outros profissionais que passam pela praça central da Capital, indo ou voltando de seus trabalhos.
Para quem nasce no interior de Mato Grosso do Sul, morar em Campo Grande é muitas vezes é reflexo da luta por oportunidades, de estudo e de trabalho. É também sinônimo de saudades daqueles que ficaram. O Estado apenas reflete a realidade de milhares de brasileiros, que precisam deixar suas origens em busca de uma chance.
O movimento de pessoas em busca de oportunidades, seja por vontade própria ou não, é conhecido como diáspora. Em homenagem ao Dia do Trabalhador, o Jornal Midiamax faz uma sequência de matérias sobre o tema, confira.
A vida que acontece em torno das oportunidades
Há 40 anos, Ivaildes de Assis Oliveira nasceu em uma cidade do Pará. Em busca de oportunidades, foi morar no Amazonas, onde casou e teve seus primeiros filhos. Anos mais tarde, desembarcou com a família em Coxim e posteriormente em Campo Grande.
A jornada da trabalhadora doméstica não terminou e, nesta semana, ganha um capítulo internacional. Ivanildes está de mudança para Portugal, mais uma vez, em busca de oportunidades. Ela embarca com três, dos cinco filhos, para encontrar o marido que já está por lá há sete meses.
“Eu amo Campo Grande, gostei muito de viver aqui, mas estamos indo para uma nova jornada”, diz ela, enquanto passava pela praça Ary Coelho, com uma pasta cheia de documentos nas mãos.
Ansiosa, Ivanildes resolvia os últimos detalhes da tão aguardada primeira viagem internacional. Em Campo Grande ficará a saudades, da cidade e dos dois filhos, que vão ficar com as famílias que estão construindo.